Vejo uma caixa na rua. Uma caixa sem abas, parada, no meio da rua. Vem um automóvel. Quase atropela a caixa. Vejo uma folha na rua, uma folha, solta, no meio da rua. Quase voa, a folha, em resposta ao vento. A folha se aproxima da caixa parada. E um automóvel passa raspando. Um rato passa na rua. Olha a caixa, não vê a folha e entende a pressa do automóvel. O rato desaparece. Agora, vejo a caixa atropelada pelo automóvel. A caixa disforme, esconde a folha, lisa e rente ao asfalto. Tenho medo de ser um dia uma caixa vazia acompanhada de uma folha sem rumo. E agradeço agora, por ser apenas eu, que olho e vejo uma caixa acompanhada de uma folha. Parada, no meio da rua.
4 comentários:
Tem medo da solidão, Li?
ou um saco de plástico fujão que foi atrás da liberdade e acabou preso no topo de uma arvore.
eliana,
gostei demais desse teu escrito! demais mesmo!
esse encadeamento de palavras. achei perfeito!
tem algo de zeca baleiro lá no um-sentir :)
beijos!
escrita em redemoinho. adorável.
Postar um comentário