agora estamos no outro mundo
e o idioma é inventado
temos medo de altura
o grito e o salto
para elidir a altura
para cessar o desafio
salto coletivo de todos os edifícios
que iremos abandonar
incêndio na torre
o fogo queimando os corpos, aos pares,
aos montes,
campos de concentração esvaziados
um louco vê o olho da torre
a torre é um ogro
a torre
que iremos abandonar
a mulher antiga nunca cortou os cabelos
o rastro de cabelos pelo chão chega até o rio
ofélia grita: meu amado, venha, venha, venha
ofélia branca e fria, fantasma das citações
um navio gigantesco, imensurável,
destes navios que só existem em sonhos difíceis
o capitão do navio está perdido
o navio está perdido
o navio
que iremos abandonar
mas as águas sorrateiras
se transformam em edifícios
desafiam nossos medos
ondas de desespero
ondas de dar medo
no mar
que abandonamos.
2 comentários:
Apocalipse now!
Gostei, E.
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