quinta-feira, 6 de maio de 2010

Drops 4

Havia um tempo, outro, diferente deste. E neste tempo, havia uma casa azul. Era encantada. Uma casa que, de vez em quando, suspirava. Os passantes olhavam, atônitos, aquela casa, com ar de tédio, suspirando, imaginando outras terras, outros habitantes. Um dia, ao passar diante da casa um homem muito alto, tão alto que trazia um chapéu feito de nuvens, a casa abriu bem os olhos, para ver melhor. Quase não podia conter a emoção. O homem, alto demais, abaixava um pouco a cabeça para poder enxergar melhor aquela casa que, agora, dançava. O homem era um andarilho, antigo, antigo. Nem sem lembrava mais de ter possuído endereço algum dia. Sua pequena mala possuía objetos estranhos: uma presilha de cabelo em forma de estrela, um dente de criança embalado num véu finíssimo, uma folha seca, uma pedra muito branca e sementes variadas de espécies desconhecidas de árvores extintas. A casa falou, abrindo ao mesmo tempo, todas as portas e janelas, que eram muitas. O homem entendeu, finalmente, que somente naquela casa azul e sem telhados, poderia viver para sempre.

3 comentários:

Bernardo Guimarães disse...

este conto mágico, me encantou.

dansesurlamerde disse...

ora, talvez eu vivesse bem nessa casa, embora não tenha chapéu de nuvem.

muito bonito.

beijo.

Luna Freire disse...

Estes teus drops estão DE-LI-CI-O-SOS. Que sonhos...