quarta-feira, 8 de julho de 2009

Melancolia urbana

Disposição elétrica de rosas num cômodo sujo. Vinho barato e sonhos disparatados. Antes, ensaio de um discurso cafona e exagerado. Mãos em movimentos irregulares. Relógio pesando toneladas. E lá fora, um carro freia. Gritos na rua. Ele, agora, sentindo o coração excessivo, coração migrando para a garganta e na garganta, da janela, um grito sem som e todas as dores espalhadas naquele sangue, naquela bota preta de salto alto e a bolsa onde ela trazia a camisola sensual, que substituiria o uniforme barato e humilhante do supermercado onde ela trabalhava sem pensar em nada além da disposição elétrica das rosas no quarto onde seria tratada, e para sempre, como a rainha das ruas.

5 comentários:

Anônimo disse...

Pode até não entender, a gente não entende nem a nós quanto mais os outros, mas que te inspira escrever e bom texto, isto você não pode negar.

ediney disse...

urbanidade-cidade de concreto-certezas vazias-gente estanque---

Eliana Mara Chiossi disse...

Anônimo,
não nego que o desentendimento me inspira.
Não nego que ninguém se entende.
Não nego. E ainda salto.

Eliana Mara Chiossi disse...

Ediney,

gostei, mesmo, da síntese e reunião de imagens que você trouxe.
Gosto muito de "certezas vazias-gente estanque".

Bem vindo!

Anônimo disse...

Não só entendo como fiz um desenho pro texto. Você é que não deu atenção.rs.