quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Vizinhos

Na floreira do apartamento, miniatura do abismo, último andar diante da cidade enorme. Eles são pontuais, mas ficam confusos. Excessos de néon e outras cantigas. Trabalho diário e sistemático. Fora do tempo, à moda antiga, traçam o projeto e gritam, antes de despencarem ao solo. Da reunião de fios coletados, montam o espaço e tempo da residência. Cálculo insólito, da soma de objetos leves até o resultado da sustentação de um endereço. Em alguns dias de trabalho intenso, e alegrado pela música, fiozinhos, fiapos, retalhos, pedaços de quase nuvens e eis na janela do apartamento, divisando com os risos e lágrimas dos outros cômodos, a família breve e rarefeita. Logo mais, sementes de vida e vôos incessantes.

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