sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Vitrine

Era você no banho. Foi o intervalo precioso para o instante de sair. Enquanto você dormia profundamente, eu já ensaiava este passo. Aprendi a ciência da bagabem de fuga. Vejo o medo e já estou com dois pés na estrada. Tenho passaportes e senhas capitalistas. Para isso serviu muito ter crescido. Não importa que ao café da manhã haja um homem que me aguarda. O bilhete tem efeitos de verdade. Já estou na estrada antes de ouvir a lista razoável dos motivos, antes de assistir ao triste espetáculo da dissertação sobre o amor. O chão, a poeira, as falas em outra língua, a comida exótica, as crianças com um sorriso sem nacionalidade, me perco agora nesta terra. E em mim já fermenta a certeza de seu exílio.

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