terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Tépido

O tricô acalma e ajuda a esperar. Enquanto isso, as nuvens já levaram algumas marcas. O cheiro já quase não sinto. E o eco das tuas palavras é quase indistinto. Um dia a mais vem e coloca uma camada por cima da memória. Teço. O cachecol está quase pronto e adio o final. Medo de que assim, sem nenhum ponto a mais, sem qualquer retoque, pronto para ser enviado, eu perca a chance de estar ligada a você. E este é um risco. Penélope invertida, não espero a sua volta para nossa ilha de alegrias. Agora você é o destinatário do que teci enquanto a espera me dizia coisas bonitas.

6 comentários:

r a c h e l disse...

Será que é sina todas tricotarmos nos términos? Mas sabe que eu terminei o meu cachecol? E que foi ótimo?
A poesia é bela, mas a vida é por demais breve para permitir que percamos tempo...

Bisous e boa sorte!

Anônimo disse...

Não digo mais que (quase) tudo o que escreve é lindo, para não vulgarizar a expressão.

Gosto muito das imagens que cria, cinematográficas e literárias: "Penélope invertida" é um achado; merecia um post (ou crônica, ou poesia, ou romance...).

Também gostaria de aprender a amar uma mulher, tenho amado todas ao longo da vida.

Eliana Mara Chiossi disse...

Rm,

volto a dizer, vulgarizando a expressão entre nós, que seus comentários me acendem.
Assim como estou acesa para escrever e sentir.
Queria muito um tempo seu para compartilhar outros escritos, fora do sistema blogue, mas seria um abuso???
Beijinhos

Eliana Mara Chiossi disse...

Rachel,
percebi que sua visita foi demorada, com uma leitura cuidadosa, e com o carinho dos comentários. Eu sei que pode ser que haja pessoas que não gostem do que eu escrevo e venham fazer comentários de desagrado. Mas os comentários que estimulam, que dão força, esses eu guardo como estímulo, força para continuar.
Estou vivendo um momento tão intenso, mudanças internas, decisões estranhas, e tenho sido pressionada para escrever. Imagens demais, sentimentos intensos, um certo desassossego. E aqui no blogue não edito, quase nada. Solto o que vem sem reeditar. Se isso um dia vai sair deste formato, não sei. Mas este formato, esta decisão de postar quase que automaticamente, é uma espécie de catarse também.
E cada leitor que visita, faz parte deste processo que é tão íntimo e paradoxalmente, tão público.
Abraço forte.

Anônimo disse...

Claro que não, querida.

Acho que talvez não mereça a deferência, já competência tenho certeza não dispor.

De todo modo, gostarei muito de ler:

roneymau@gmail.com

Vee disse...

Mas ainda há uma grande magia nisso tudo: a de estarmos vivos e não entendermos nada disso. A nossa incompreensão é uma das magias mais raras. (indeed)

Beijo carinhoso pra ti que tem me feito olhar a chuva atrás da vidraça de um jeito diferente.