terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Sem platéia: ensaio de réplica

Desde pequena, escrever era a melhor forma de encontrar lucidez. Se algúem hoje me perguntar porque escrevo, talvez a resposta, nada original, seja esta: escrevo porque não sei viver sem escrever. E isso não me torna especial. Nem mais triste, nem mais alegre, nem mais sábia. Sei ser alegre, sei produzir alegrias. Mas confesso que a tristeza, não indignação, a tristeza, essa região pequena e constante de melancolia me faz escrever muito mais. Porque quando estou alegre, tenho menos tempo para a escrita. Na alegria, preciso de tempo para rir, soltar a voz, girar o corpo, tocar os corpos que me interessam, reagir aos toques que me provocam. Falo mais, fico saltitante, preciso de tempo para as belezas, preciso ir atrás de flores e de panos bonitos. Quando estou triste, meu corpo se aquieta, quero mais cama, quero mais meu quarto e seus limites. E volto intensa aos papeis e as minhas inúmeras e talvez inúteis canetas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mmmm... acho que no fundo somos todas iguais né? Ou quase. Eu escrevo quando tô feliz também, que é pra lembrar depois. Quando tô triste, para não esquecer. Quando tô no limbo é que não sai nada, não adianta. Nessas épocas até a inspiração tira férias...

Bezzo querida!

Eliana Mara Chiossi disse...

Senhorita Rosa:

Aí temos tudo em comum: o limbo. O morno. E acho que a gente tem uma tal tendência para intensidades que até em fases de limbo a gente encontra uma passagem secreta para lembrar alegrias ou esquecer tristezas.

Besotes.

Anônimo disse...

Olá, Mara.
Me impressiona a fluência com que você escreve um texto denso. Os fatos escorrem pelas suas frases.
Beijos,
João Renato.