domingo, 17 de fevereiro de 2008

Um cão feliz porque esquece

A tua mão estendida e eu, em forma de cão, amando com meus olhos iluminados de fé. Ah, e seguimos o caminho das águas. As estrelas surgiam e nosso brinquedo era batizá-las. Escolhemos aquela mais insinuada, para ser nosso filho improvável. Exposta feito cão, sabia pedir mil vezes minha porção de afagos. Se havia flores, havia com elas nossa conversa. Os trabalhadores que passavam, tranportando cansaços, sentiam saudades de ter amores com quem sair, de mãos dadas. Eu fiquei, da outra margem, em pele de cão, em sons de cão, com olhar abobado, querendo nadar na sua direção. Meu sentidos acenavam perigos. O melhor lugar seria estar, agora, junto ao meu amor disposto. Deixo de ser cão e retomo meus tempos de ter memória. Um cão esquece. Eu, adoro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eliana,

segurando aqui a vontade de comentar todas as lindas pílulas que você só libera à conta-gotas...

Mas a este não resisti. A imagem do cão e (seu amor ou paixão por) seu "dono" é muito bonita, apesar de dramática ou patética se acabar.

Eliana Mara Chiossi disse...

Rm, em outro comentário você tocou num ponto vital: a falta de noção do que escrevo. Dispenso a vaidade, receio que ela fique me rondando. Então, quando escrevo, já é sem noção se tem impacto, se tem valor. A escrita, nestes últimos meses, tem sido uma escrita por si só, eu escrevo porque algo escreve em mim.
E tua leitura, eu desconfio, seja a leitura que eu espero. Uma leitura desperta, de quem lê e abre os olhos.
Ou nada disso também.
Você sabe que tua presença aqui é uma forma minha, muito aconchegante, de ter companhia?
Beijos