segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Paisagem e destroços

De frente, no outro lado da calçada oblíqua, vejo a casa e o passado. Pichações, falhas no telhado, desleixo explícito nas janelas desdentadas. Antes, o que habitava estes cômodos era alegria e coragem partilhada. Nos dias de frio de alguns, éramos cobertor e sopa quente. E nos nossos dias de desamparos, havia braços e café quente na mesa. Tantas horas de afeto, tantos dias de companhia. E as noites. As noites enfeitada das estrelas e da disposição dos corpos para o encontro. Meus olhos agora fotografam e sentem saudade. Meus pés não cruzam a fronteira. Giro o corpo e minha direção é amanhã.

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