terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Escola das mulheres más 1

Eu, analfabeta. Eu, já em outra encarnação, doutora. Eu, grande atriz e diretora. Passa outro filme e você me vê camponesa. Naquelas fotos, quando recebi o Pulitzer, exibia um ar cansado. Sei fazer bolinhos de chuva para o neto. Tenho uma coleção de lembranças dos sexos de todos os homens com quem estive. Acervo engraçado, com exemplares patéticos. Solidão doída a de um homem que ejacula em vexame. Solidão doida, do homem que é trocado por outro. Primeiras lições: imaginá-los nus. Segunda lição, lembrar como reagem quando você também tem cartão de crédito. E saldo positivo. Eu, pintando em murais extensos as frases derretidas quando ele estava apaixonado. Fiz um banquete. Envenenado sutilmente, a cada refeição e elogiando meus temperos. Eu, dando a ele um filho que tem os olhos do nosso melhor amigo. Treino intensivo: olhos. O mestre ensinou que podem ser de viés, baixos, intrigantes, marotos, cúmplices. E disse, ainda, que sejam oblíquos. Para que seja flagrada toda a ciência da dissimulação.

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