Zero grau

Escrever neste espaço é ter garantia de exibição e público. Não posso mais ter o sentimento primário das coisas que escrevia e deixava nas gavetas. A medo, sem jeito para mostrar para os amigos. Escrevo aqui neste espaço, sem passar pelo papel. Gosto que sejam coisas que escrevo agora, enquanto digito. Claro que há os recursos, e que se me sinto insatisfeita, corrijo, edito, reformulo o que postei. Mas me movimento assim, nesta trajetória de sentir desejo, escrever e postar. Estou conhecendo mais blogs. Confesso que preciso de um tempo interno para sentir cada blog novo e não consigo conhecer muitos blogs ao mesmo tempo. Fiz amizades com algumas pessoas especiais e que fazem parte da minha vida. Visitar o blog acaba sendo mesmo como visitas íntimas. Difusão zero é impossível. Minha vaidade me distrai. Quero ao menos tentar encenar esta solidão. Escrever, bonito ou feio, sem esperar que eu esteja dando satisfação para alguém que ao ler o que escrevo, faz disso alguma coisa notável. A quantas pessoas minha escrita, novata, precária, dispersa, pode tocar? E se minha escrita de fato toca algum ponto na vida de alguém, isso é tão forte, que eu não acredito. Pode ser que seja um jogo especular de vaidades. E será que a escrita é mais do que isso?