segunda-feira, 28 de maio de 2007

Ao amigo, cantor cego nas feiras livres

Façamos de conta que isso é teatro: seu carro preto vira um corcel que tem asas. Os animais de estimação me fazem cócegas e mostram as patas, súditos. Eu perdi a carteira de identidade e finjo que não tenho memórias. Esqueci as lições de nossa infância e deixei de falar o idioma materno. Sou estrangeira nestas imensidões de barro seco. Só você traduz meus pensamentos agora. Ficou fácil. Agora tudo é teatro, meu corpo me ensina e seus olhos me despem.

3 comentários:

mari celma disse...

Nada melhor do que chegar em casa, tarde, depois de muitas horas de aula cansativa e encontrar um convite para o faz de contas. Sim, façamos de conta! Façamos de conta e driblemos os açoites dos dias cheios de obrigações repetitivas, horários e caras amarradas. Façamos de conta que o longe está bem ali: na ribalta! Façamos...

Eliana Mara Chiossi disse...

Maricelma: o blog tem sido cada coisa diferente enquanto os dias acordam, sempre. Estou nos tempos de achar que é uma casa. Onde posso morar e ter relógios: relógios de água que marcam só as pegadas marittmas de uma coisa que nunca é fixa: eu mesma.

mari celma disse...

Eliana Lilás: eu agradeço o privilégio que vc me dá de poder frequentar essa sua casa. Graças a Deus que vc não é e nunca foi fixa. Acho que é isso que te faz única. Viva as inscrições sempre abertas!