quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Beira

ara Nuno, do Troblogdita, em resposta a uma de suas postagens cheias de lirismo


Este espaço é uma casa. Arrumada em exibição permanente de jardins, águas e decorações. Por vezes, cobrindo com lençóis brancos os móveis, outros tempos. Localizada na estrada, em meio ao nada, feito um posto de gasolina que vende água em copinhos mas não tem troco para uma nota de cem reais. Em volta da estrada, deserto. Imensidão feia de poeira e vento. Vista de longe, parece uma casa-caixa. Nenhum esforço em sua fachada para formular um convite. Raros vizinhos para alardear sua beleza ou falta dela. Ao fechar os olhos, tenho em mim a memória exata da casa. É uma maquinaria feita para agradar. Espera apenas por ele. E isso explica o fato de haver, em todos os cantos, alusões, nobilitações sugeridas. É a casa de um homem só, a quem será dado tratamento de senhor e hóspede. Engenho dos afetos, exposição viva de um desejo. Recebê-lo, lavar seus pés cansados, acolhê-lo sobre lençóis e aromas, protegê-lo se houver sol demais ou noite demais. Louvores, cânticos, danças, prostrações ao solo. A casa estática. A serva espera. A amante enlouquece.

2 comentários:

ítalo puccini disse...

somos todos casas, não somos?

achei maravilhoso teu escrito!

beijos.

Maria Rita disse...

Um Feliz Natal pra vc e toda a sua famíla!

Beijos Natalinos pra Ti