terça-feira, 9 de novembro de 2010

Asas

Olhe atentamente para os sapatos. As asas começam a surgir, vermelhas. Algumas conchas, ao redor, formam um círculo irregular. Ao lado, fincado na terra firme, um mastro ostenta o vestido incompleto. Animais velozes subitamente esperam. Olhe atentamente para os sapatos. Estão cansados. A viagem pelo deserto foi exaustiva. A poeira cobre as asas vermelhas. Deixe que os sapatos contem a história das viagens. Encontre seu lugar dentro do círculo das conchas. Observe o vestido, balançado pelo vento. Junte-se ao silêncio dos animais velozes. E espere.

5 comentários:

Renata (impermeável a) disse...

e já estou voando...

Mauro disse...

Que ritmo, que concisão! Maravilhoso.

Blog do Akira disse...

Li
Voce é leitura essencial, obrigatória e diária, às vezes várias vezes por dia, o que significa que estou viciado em voce.
Através de voce acesso um monte de gente boa, que faz-me crescer todos os dias.
Diariamente penso em comentar os seus escritos, mas talvez porque sinto neles o sopro do sublime e do sagrado, esse "Asas" é um exemplo, acabo ficando intimidado.
Um abraço daqueles, do século passado.

Gerana Damulakis disse...

"Deixe que os sapatos contem a história das viagens", me amarrei na frase.

Noslen ed azuos disse...

me deliciar em seu esperar maravilhado.

ns