Ele escreveu uma carta. Tentava colocar ordem no caos dos acontecimentos. Não posso garantir nada.
Existe um lugar inventado para que seja encenada esta história. Um filme começando. Lia o conto, quando, de repente, ouviu a sirene na rua. Gritos e alvoroço. Eu pedi um café puro. Ele andou sozinho, pela praia, tentando colocar os pensamentos em ordem. A senhora pode me trazer uma água com gás. A vizinhança estava alvoroçada. A gritaria era quase insuportável. Contas para pagar, desmarcar o horário do dentista, ir ao cabeleleiro, comprar outra calça jeans. Será que a carta vai ser lida? Os acontecimentos estão fora de controle. Os remédios que ele toma me distanciam. Esta noite foi tumultuada. Tive medo quando ele chegou, bêbado e gritando. Reconheço a voz da vizinha ao lado. Tenho medo de saber o que houve. Ontem, ao chegar na garagem, a menininha vestida para a aula de balé correu na frente do seu carro. As pernas bambas, depois dos freios. A conta, por favor. Olha no relógio, mais uma vez e não vai ligar. Ela escreveu uma carta. Tentava colocar ordem nos acontecimentos.
Um comentário:
Que capacidade para narrar.
Postar um comentário