segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ação

Ele escreveu uma carta. Tentava colocar ordem no caos dos acontecimentos. Não posso garantir nada. 
Existe um lugar inventado para que seja encenada esta história. Um filme começando. Lia o conto, quando, de repente, ouviu a sirene na rua. Gritos e alvoroço. Eu pedi um café puro. Ele andou sozinho, pela praia, tentando colocar os pensamentos em ordem. A senhora pode me trazer uma água com gás. A vizinhança estava alvoroçada. A gritaria era quase insuportável. Contas para pagar, desmarcar o horário do dentista, ir ao cabeleleiro, comprar outra calça jeans. Será que a carta vai ser lida? Os acontecimentos estão fora de controle. Os remédios que ele toma me distanciam. Esta noite foi tumultuada. Tive medo quando ele chegou, bêbado e gritando. Reconheço a voz da vizinha ao lado. Tenho medo de saber o que houve. Ontem, ao chegar na garagem, a menininha vestida para a aula de balé correu na frente do seu carro. As pernas bambas, depois dos freios. A conta, por favor. Olha no relógio, mais uma vez e não vai ligar. Ela escreveu uma carta. Tentava colocar ordem nos acontecimentos.

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Que capacidade para narrar.