Me espanta que só haja esta certeza: acima de nós, o céu, abaixo, o solo. E neste intervalo, ensaios de alegria, presença com data marcada de desencontros. Saio à noite, sem proteção alguma. Não tenho medo da arma, escondida numa moita. Não tenho medo da moto, que faz uma curva escandalosa, não tenho medo dos fárois do automóvel imenso. Viver não tem, de fato, nenhum sentido. E relembro, algumas crianças que conheço, que estão a salvo, a esta hora. E então, sonho que existe paraíso. O céu se instala, o solo não descansa. Amanhã, os automóveis, gritos e pressa. Mas agora, dentro da noite veloz, a vida é um excesso de fragilidades.
4 comentários:
Frágil demais, essa nossa vida. Um gesto brusco é capaz de desmontá-la!
Essa personagem está com carinha de Thelma & Louise.
"A vida é um excesso de fragilidades"
Perfeito
Mas vc disse 'certeza'? Pergunto-me se nós podemos ter certeza de algo, ñ acha?
"Viver não tem, de fato, nenhum sentido." Mesmo assim eu sinto um medo enorme. Não sei bem do quê. Adorei este texto, Eliana. Maravilhoso. Admiro tua escrita. Muito. Beijos. Saudades.
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