domingo, 4 de julho de 2010

Porta giratória

Na minha taça de vinho há a verdade que eu escolho libertar. Nenhuma gota a mais de verdade. Seria esse o pecado, a luxúria em mim? Quando eu liberto, sem medidas, aquilo que decido libertar e nada a menos. E este vinho é o estopim de algo que não é seu. Se causo algum choque ao ser vista no ápice da verdade escolhida não posso colocar freios nesta aeronave que fura o céu sem nuvens.
Me esqueci de plantar árvores e os filhos estão viajando. Quero um amor agora, e amor para mim é a soma de todos os filmes. Nem final feliz, nem comédia branda, nem tampouco o sarcasmo pueril de Allen. Amores proibidos, amores censurados, amores trágicos ou amores sem vergonha alguma. Já não resta nenhum amor nos filmes. O amor que me serve ainda não foi filmado e nunca será narrado. Se ao menos eu pudesse inventar o amor para mim e me dedicar a ele, como um crente inventa para si aquela igreja. A taça de vinho é uma porta giratória. A sorte pode faze-la parar de girar em frente ao país que procuro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Queria que você me reinventasse amor não narrado e não filmado. Papel em em branco em que se escreve um roteiro sem o azar ou a sorte da taça de vinho.
Só assim seria possível a redenção. Porque o que vem antes não existe; só o que se escreve depois.

Bj.

Roberto.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.