quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poesia matinal

Eu não sei desenhar

e nunca mais saberei.


Possuo um piano,

no centro

de uma sala enorme,

e ele está mudo.


Olho o piano,

como o analfabeto

toca um livro,

sem saber abri-lo.


Abro o piano,

como o analfabeto

passa as mãos sobre

as letras enfileiradas.


E se cala.


O piano no meio da sala enorme.

Eu não sei desenhar

e nunca mais saberei.

7 comentários:

André Setaro disse...

Eu tenho um gatinho
Que quer ir embora
Mas para Passárgada?
Ele cala e olha o piano.

Um piano com inscrições
Abertas e com autoria
Estilo e conjugações
Que pertencem a Eliana Maria.

Bernardo Guimarães disse...

bela maneira de começar o dia!...

Saulo Moreira disse...

quantos signos! heliana, me empresta um toquinho de delicadeza!

Rafael Mantovani disse...

:-)
bjo pra você, Eliana

Anônimo disse...

Nunca diga nunca.

ítalo puccini disse...

ótimo, eliana,
ótimo!

isso daqui é maravilhoso:
"Olho o piano,

como o analfabeto

toca um livro,

sem saber abri-lo".

beijos!

Marcus Gusmão disse...

Não sei tocar, não sei desenhar, não sei cantar. Ainda bem que aprendo a ler. Belo poema.