O dia começa nas linhas regulares da vida.
Um verso apareceu, e partiu.
Escovei os dentes, sem querer me olhar no espelho
Estava feliz, ou simplesmente desperta, porque havia um verso
E agora o dia começa sem que o verso esteja aqui.
Um verso alojado, como uma nuvem ou bala
na cabeça matinal do que sou escritora.
Seria um verso claro e ritmado,
talvez como este:
E na rua esvaziada, os pedaços da notícia.
Eis aí um verso, como existem versos aos milhares,
mas não reconheço, não me serve.
A vida breve de um verso,
natimorto e celebrado.
Penso em Cabral, perdendo para sempre
"Se no telefone me falavas eu diria."
A mim seria negado,
um de meus versos preferidos.
Deito agora, fecho os olhos, tento retomar a viagem do sono.
Para outra vez ser provocada por um verso,
Perfeito e sonoro,
matéria de sonho, prenhe de um poema longo e contundente.
Mas o dia começa nas linhas regulares da vida
E o verso perdido, está bem guardado,
no esquecimento.
5 comentários:
o cotidiano, a rotina
a vida só tem sentido.... porque existe a poesia...
senão, o que seria?
Adorei esta nova cara do blog, leve como sua escrita!
deixa o verso partir, não,
rs.
ou melhor:
deixa, sim,
ele volta
e faz poema, daí :)
beijo!
Suas palavras recuscitam, leves e soltas como um fio que segue tecendo lindas tramas.
Beijucas, linda.
Então já se perdeu o verso.
E: descobri, lá no Mínimo Ajuste, que fazemos aniversário no mesmo dia.
29/01:vc, Flamarion e eu.
Não pude deixar de lembrar do Drummond, quando no poema 'Ser' disse:
O filho que não fiz hoje seria homem... interrogo meu filho... em que gruta ou concha quedas abstrato?
A vida breve de um verso é sepultada em jazigo perpétuo na mais doce eternidade de nossa lembrança.
Adorei o novo azul, tem cheiro de borboletas!!!!!!!
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