segunda-feira, 3 de maio de 2010

Drops 2

Se eu diminuir a voz, posso ficar descalça. Sem sapatos, será mais fácil ficar em silêncio. E assim, desligar os telefones do mundo. Quieta, vou gastar muito menos. Abrindo os olhos devagar, posso colher as frases da paisagem. E atenta a este discurso, respeitar que afinal, queiram agora, em retribuição, falar de mim e sobre mim escrever também, os pássaros, as pedras, as pessoas mínimas que se escondem atrás de árvores mortas. Serei eu agora o objeto de contemplação do mar plácido, da formiga zonza, da cachoeira escandalosa, dos pequenos insetos. Então, constante em meu silêncio, no estado puro de catedral sem visitas, quase espaço vazio da mente do monje no Himalaia, imóvel como um morto sobre o qual não há notícias nem saudades, enfrentarei este azul marítimo dos teus olhos.

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