sábado, 10 de abril de 2010

Aula

Parece mais fácil perguntar sobre a tristeza. Insistindo nesta pergunta, você perde o foco. E se desvia. Porque difícil mesmo é explicar a felicidade, coisa tão fugidia, tão elétrica, pura faísca. A tristeza tem peso, se arrasta por mil anos. A tristeza está na cara, vincada pela dor, pelo cansaço. A alegria se dissipa, elétrica, levíssima. O vinho, que traz alegria e verdade, evapora. Não há nada visível no vinho que anuncie a tristeza. Mas aquilo que anoitece junto com o vinho e o espera pela manhã, na porta de casa, pode ser a tristeza, vestida de roupas pesadas, botas cheias de lama, carregando uma mala cheia de roupas antigas e marcas da fuga. Não me pergunte sobre a tristeza. A tristeza está no começo do alfabeto. Todas as minhas dúvidas são a respeito da origem da felicidade. E seu esconderijo.

Um comentário:

Pierre C. Cortes disse...

Só tenho algo a comentar: Que tesão de poesia.