sábado, 13 de junho de 2009

Conto 1

O dedo indicador parado sobre o traçado da beira do Atlântico, desenhada no mapa. A rota do avião já planejada. A viagem confortável. Ruídos novos. Outros cenários. O táxi em frente ao edifício erigido sobre vidros e luzes. Funcionários solícitos, movimentação intensa de pessoas e roupas luxuosas. O elevador, o tapete, os lustres, flores bem arranjadas. O corredor claro, a porta numerada. Sobre a cama, um cartão preenchido com desejos de boa noite. Chocolates delicados sobre os travesseiros. Uma mulher alegre, a banheira convidativa. Toalhas macias. Barulho da água. O banheiro envolto em névoa. A mulher alegre, cantando. A taça e a bebida gelada. Um homem que abre a mala com gestos vagarosos. O sangue do homem esfriando, os gestos cada vez mais lentos. No fundo da mala, uma embalagem aveludada. O objeto brilha, as mãos do homem estão geladas. A mulher canta, a bebida esquenta, o banheiro repleto de névoa. Tinta vermelha sobre o corpo da mulher que parou de cantar.

4 comentários:

Calila das Mercês disse...

Nossa!! Eu quero saber o que vai acontecer...

Beijão

Lidi disse...

Eliana, adorei. Eu me amarro em narrativas assim, com períodos curtos, rápidos. O "dizer muito com pouco". Bem cinematográfico. Parabéns!

Roney Maurício disse...

Putz! Péssimo começo de lua de mel... rss

Pierre C. Cortes disse...

O Máximo.