Talvez seja isso. A paixão como esse espelho provisório. Que me entrega, diariamente, a capa protetora do elogio e do exagero. Então, esta droga, este líquido quente, me vicia. Aquele que declara os sentimentos, como que tomado por um espírito incandescente, fala através do fogo. E as frases deste discurso quente, quebram o frio e me abrigam das tempestades. Do outro lado do espelho, sou feita de maravilhas. Sou uma mulher de auroras, e tudo aquilo que toco ou cerco, são os meus segredos de ouro. A tatuagem, na pele da paixão, está marcada com tintas breves. Um feitiço dos contos de fada de agora: em poucos meses, volto ao lugar de borralheira. Mas a paixão que habita o corpo deste homem já terá me dado dias encantados de rainha.
6 comentários:
bom de ler e reler sempre. adorei o non sense e sua foto do perfil!!! beijos
Que o reinado seja eterno enquanto dure! =)
É assim que eu gosto de te ler. Concisão que trabalha a palavra exata. Tão bonito!
Bonito mesmo.
P.S.: Respondendo ao seu último comentário lá no aeronauta:
1. Adoro Miguilim. Minha relação com Rosa é intensa, dramática; por isso ódio e amor.
2. Tenho pouca coisa de Ponge: "O Partido das Coisas" e "O Caderno do Pinhal".
Gosto demais de um texto de Leyla Perrone-Moisés sobre ele (in "Inútil poesia"), chamado "O parti pris de Ponge". Você conhece?
Um abraço.
Oi, me lembrei também de um outro texto sobre Ponge, que gosto muito: é de Italo Calvino, e está no "Por que ler os clássicos".
Aeronauta,
oi,
tava querendo te responder...
vc tá on line agora...
olha, me escreve: eliana.mara@gmail.com
Então, tenho do Ponge
Métodos, A mesa e Mimosa.
acho que quero te pedir cópia desses ou tentar achar pela net.
Do Italo, tenho mesmo o livro e nunca li este artigo.
Ah, Miguilim é uma máquina de me fazer chorar.
Você já leu Magma, o livro de poesia de Rosa?
Beijos
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