segunda-feira, 23 de março de 2009

Dama

Talvez seja isso. A paixão como esse espelho provisório. Que me entrega, diariamente, a capa protetora do elogio e do exagero. Então, esta droga, este líquido quente, me vicia. Aquele que declara os sentimentos, como que tomado por um espírito incandescente, fala através do fogo. E as frases deste discurso quente, quebram o frio e me abrigam das tempestades. Do outro lado do espelho, sou feita de maravilhas. Sou uma mulher de auroras, e tudo aquilo que toco ou cerco, são os meus segredos de ouro. A tatuagem, na pele da paixão, está marcada com tintas breves. Um feitiço dos contos de fada de agora: em poucos meses, volto ao lugar de borralheira. Mas a paixão que habita o corpo deste homem já terá me dado dias encantados de rainha.

6 comentários:

Fernanda Prats disse...

bom de ler e reler sempre. adorei o non sense e sua foto do perfil!!! beijos

Renatinha disse...

Que o reinado seja eterno enquanto dure! =)

Anônimo disse...

É assim que eu gosto de te ler. Concisão que trabalha a palavra exata. Tão bonito!

aeronauta disse...

Bonito mesmo.
P.S.: Respondendo ao seu último comentário lá no aeronauta:
1. Adoro Miguilim. Minha relação com Rosa é intensa, dramática; por isso ódio e amor.
2. Tenho pouca coisa de Ponge: "O Partido das Coisas" e "O Caderno do Pinhal".
Gosto demais de um texto de Leyla Perrone-Moisés sobre ele (in "Inútil poesia"), chamado "O parti pris de Ponge". Você conhece?
Um abraço.

aeronauta disse...

Oi, me lembrei também de um outro texto sobre Ponge, que gosto muito: é de Italo Calvino, e está no "Por que ler os clássicos".

Eliana Mara Chiossi disse...

Aeronauta,

oi,

tava querendo te responder...
vc tá on line agora...
olha, me escreve: eliana.mara@gmail.com
Então, tenho do Ponge
Métodos, A mesa e Mimosa.
acho que quero te pedir cópia desses ou tentar achar pela net.
Do Italo, tenho mesmo o livro e nunca li este artigo.
Ah, Miguilim é uma máquina de me fazer chorar.
Você já leu Magma, o livro de poesia de Rosa?

Beijos