segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A reviravolta - Lídia parte 10

Cansada, quase dormindo depois de tantas horas aguardando notícias do vôo. Ou melhor, aguardando apenas a confirmação de mais um turno de atrasos. Era preciso fechar os olhos, era preciso deitar-se. Lídia está zonza. Os comprimidos começam a fazer efeito e a última coisa que ela lembra é o momento em que acordou, no quarto azul clarinho. A voz longínqua da enfermeira simpática dizendo: muito bem, a mocinha acordou. Era visitada por funcionários e outros pacientes. E familiares alheios. O celular descarregado continha a agenda com os contatos. Nenhum indício de vínculo foi encontrado nos seus pertences. Desperta, prestes a receber alta, não fizera qualquer referência a parentes, cônjuge ou amigos. Há muito tempo Lídia decidira cortar os vínculos. E não havia qualquer resíduo de arrependimento. Soube que seu acidente fora exposto nos jornais e tevê. Sentia uma atmosfera de curiosidade, mal disfarçada por enfermeiras e médicos. Lídia ria muito, ria sozinha. Era divertido que todos buscassem decifrá-la pelas pistas mais falsas. As moças queriam consolá-la. Os homens queriam satisfazê-la. Lídia ensaiava os próximos passos para a saída do hospital. E fez uso de toda a chantagem emocional disponível para obter, para o dia da alta, o traje mais inesperado. Em grande estilo, com um carro luxuoso e um chofer bem treinado, Lídia dá adeus e gorjetas por onde passa. E mais uma vez, conseguiu desviar a atenção de todos. Ninguém sabe onde está o coração desta mulher.

3 comentários:

Maria Elisabeth disse...

Lídia.
Vamos passear de barco mulher?
(rs rs rsssss)

Maria Elisabeth disse...

P.S.: Vou postar um convite pra vc lá no Mar

Anônimo disse...

Ninguém sabe que destino deseja essa mulher?

(ela e o destino)