sábado, 23 de agosto de 2008

21 de setembro

Para Gabe, o moço bonito que tem aparecido nos meus sonhos, e que desaparece no meio dos primeiros raios do sol
Não é o dia da árvore. Não é o começo da primavera. É o dia em que tudo começou. Dia marcado no meu calendário. Dia da tua chegada, minha festa de quinze anos. O vestido azul, salpicado de flores delicadas, bordadas com esmero, pela avó já quase míope, que fez questão de fazer tudo sozinha. Minha mãe entrou em casa, feliz da vida, porque o sapato estava pronto. Todo forrado com o tecido do vestido. Meu dia de glória. A casa ruidosa, parentes chegando de longe, tias e primas de bobs na cabeça, meu pai dando ordens para que tudo ficasse mais organizado. Minha mãe preparou um café com pãezinhos de queijo. Pediu para todos irem para a mesa grande, da cozinha. Um falatório feliz, que eu ouvia do meu quarto, enquanto trocava de roupa. Muito bom me sentir o centro das atenções. Eu tentanva não pensar, tentava não ter medo. O ruído da casa ajudava a esquecer. Coloquei o vestido sobre a cama, vesti a roupa de casa e já me aproximava da cozinha quando ouvi o comentário de uma de minhas irmãs, sobre o assunto que todos evitavam, quando eu estava presente: " Pai, se prepara porque você vai ter que dançar duas valsas com ela. Ele não vem mais. Nós sabemos que ele não vem mais." Quando eu entrei na cozinha, já estavam falando da beleza da decoração do salão e principalmente da curiosidade em experimentar as delícias do buffet. De repente, toca a campainha. Alvoroço por toda a parte, minha mãe se adiantou, dizendo que devia ser a cabeleleira, que viria preparar as mulheres e fazer meu penteado. Aos poucos, foi se instalando um silêncio estranho, e todos ficaram quase quietos. Eu, distraída com o café e o bolinho de queijo, muito preocupada em não estragar o esmalte das unhas pintadas de um tom bem clarinho, senti um arrepio, que me gelou o corpo todo. Quando levantei o rosto, não pude acreditar. Gabe estava diante de mim, com uma caixinha delicada nas mãos. Não falei nada. Nem sei se respirei. Ele chegou bem perto. Abriu a caixinha, tirou de lá uma flor de lótus, que era minha flor preferida, e colocou no meu pulso: "Você vai entrar no salão com ela!". Depois, de joelhos, olhando para mim, com a voz mais doce do mundo, disse: "Quer ser minha namorada, outra vez, e para sempre?".

5 comentários:

Anônimo disse...

Ei baianinha,
coleção primavera-verão?

(escuta aqui, moça das belas-letras: gosto até dos marcadores que você escreve...)

Anônimo disse...

Esse ai me fez voltar aos quinze anos, com direito à emoção própria dessa idade. Milagre, será?

Anônimo disse...

Flor.
Sempre lindo! Leve, belo. Você é a namorada dele. A sua flor de lótus.
Beijos, saudaades


*Cadê nosso café pra vc me deixar a par de tudo. =) tô mais sem tempo do que vc pode imaginar. Meu aniversário. Só vamos comemorar depois.
beijooos, lindona

anarresti disse...

lindo :D

Anônimo disse...

Cadê você, florzinha?
Preciso te ler.
beijos