quinta-feira, 5 de junho de 2008

Chão

O pássaro aéreo me empresta asas. O deslocamento do meu corpo, que em dias de inverno você deseja, fez coincidir a aterrissagem dos metais e o desarranjo da saudade. As coordenadas me ajustam a um tempo e lugar. Estou mais ao sul e mais nublada. Você me transforma na mãe e não sei como traduzir os olhos da vendedora. Passeio pelas vitrines e tudo é completamente inútil. Não preciso de outros sapatos. Quero o gesto simples, imitação quase perfeita de alguma alegria. Quero a proximidade vulgar. O peso do seu corpo me traz o anúncio de uma terra distante. Desisto deste mapa. Quero apenas a geografia movediça das estradas. Quero ser apenas isso: eu, você e uma estrada que se estende.

23 comentários:

Anônimo disse...

Ah Eliana... eu te alcanço.

Anônimo disse...

Mara.
Enquanto chão de estrada - depósito dos metais de sua saudade - te empresto minhas vitrines de alegria com os quatro pneus aterrissados no mapa movediço deu e você. Mais ao norte e mais ensolarada quero estar sempre perto e longe de você. Só assim nossas asas coordenadas deslocarão o inverno do seu e do meu coração.

Eliana Mara Chiossi disse...

Eu, demasiadamente humana, também encantanda com as palavras anônimas destes comentários.

Eliana Mara Chiossi disse...

Correção:
leia-se "encantada".


Decifra, quem me chama de Mara, me diz a identidade, por favor...

A curiosidade me agita...

Anônimo disse...

"A curiosidade me agita..."
Seriam borboletas no estômago?

Mara.
Se eu disser a minha identidade eu quebrarei o vaso que contém as borboletas encantadas que guardo para você. Prefiro liberar as borboletas que coloco no seu estômago uma a uma. Eu te pergunto: e se o vaso quebrar? o que faremos com as borboletas e as peças do tangran? E se você não quiser brincar comigo?
Mas não se engane. Colocarei pistas - quando achar coveniente - dentro dos casulos. Me permita, por enquanto, ficar daqui admirando a sua escrita, a clorofila que dá cor as suas largatas.

Anônimo disse...

Correção:
leia-se "conveniente".

Anônimo disse...

É, parece-me que abri caminhos pro anonimato todo rs.

Mas então, minha ainda Eliana (porque "Mara" me remete a amargo e você é muito mais doce aos meus olhos).
Sonhei com você:
Ela, o impulso que faz abrir os olhos e estender as pernas para o que não for cama. A casa respira pois nos habita.
É na simplicidade diária que nosso querer ganha forma e a cozinha, coração da nossa morada, nos recebe com seu bolo de fubá.
O encontro matutino amanhece o café, estamos as duas nesse momento sagrado. É quando decidimos deixar de lado o papel de mulheres-modernas-independentes-responsáveis-científicas-literárias - para ser com as panelas, com as xícaras, com a lenha do fogão:

O nosso alimento de cada dia. Amém.

Anônimo disse...

Talvez no fundo eu também tenha medo de que você não queira mais brincar...
Em todo caso, lhe observo atrás da tela.
Escolhe um nome pra mim... Assim começamos a construir uma identidade.

Anônimo disse...

Retificação: gostei das duas (ou dois) anônimas (anônimos).

E Li, o bom desse seu texto é que do chão a gente não passa...

Anônimo disse...

Você foi falar de chão e de estrada. Agora haja viagem para a gente fazer. Lá vai!

Mara.
Acordei com você. Te levei uma xícara de café recém coado e adocicado com uma palha de milho que peguei emprestada do quintal do vizinho. Quente. De um jeito que só eu sei aquecer. Fiquei ali perto até ver você tomar o primeiro gole e em seguida colocar a palha na boca. O adejo das asas da borboleta que eu acabará de colocar no seu estômago era o único barulho daquele silêncio. Você não me disse nada. Nem precisava. Mas me dê um nome!

Anônimo disse...

Correção:
leia-se "acabara".

Anônimo disse...

rm.
São duas anônimas.

Anônimo disse...

Se são duas anônimas, então gostei ainda mais...

E escrevendo bonito assim, acho que nem precisa de nome.

Anônimo disse...

A propósito, sobrou um pouquinho desse café? Eu quero.

Maria Elisabeth disse...

Recados na geladeira
Eliana:o negócio aqui no seu blog tá quente que nem o café que acabei de tomar...
rm: eu tenho um golinho para vc...posso providenciar a palha de milho tb....em xícara de barro..vai?
anônimas: aproveitem que a maré tá enchendo com uma viradinha que a terra deu. Peguem suas bicicletas. Ganhem a ciclovia. Façam estripulias mis. Aproveitem que vai chover e chovidas se molhem de eliana e de mara daqui até lá.
Saudade de você, eliana mara...aqui tudo em paz.
Beth.

Eliana Mara Chiossi disse...

Eita, eita...

estou hospedada em São Paulo na casa de minha irmã e o computador está muito, muito lerdo, em todos os sentidos.
E não consigo acessar nem digitar com a rapidez necessária para acompanhar o painel dos comentários.
Qualquer pessoa que me chama de Mara e sabe que café é meu vício, pode ser que seja de Aracaju, de bons tempos. Mas ainda acho que a anônima que me chama de Mara está se escondendo em multiplas personalidades.
Rm, meu lindo, café fica melhor na companhia da sua conversa.

Beijos a todos, com o estômago cheio de borboletas, e uma respiração sem rumo.

Eliana Mara Chiossi disse...

Ah, eu ando com o coração tão exilado.
Uma desilusão conformada. Cansada da cidade. Sem nenhuma atração pelo jeans, pelas compras, celulares, automóveis em fila, pessoas que se escondem, vitrines sempre iguais.
Então, bolo, fubá, milho, café, amor e amizades mais os discos e os livros e para que serve o resto?
Ah, RM, me leve de volta para as montanhas...
E todas as anônimas, o melhor seria a gente colocar o pé na estrada...

Eliana Mara Chiossi disse...

Beth, minha linda...
Volto amanhã...
E café, no nosso caso, pode ser bem quente e real.
Te vejo.
E enquanto estou aqui, gosto muito de ver pelo Mundo.

Beijo em você.

Maria Elisabeth disse...

Eliana,
será que ainda cabe falar de café aqui? rsrsrsrs...você já tomou café com cardoman? É uma delícia!!!As "anônimas" daqui me inspiraram e criei um texto pra elas...tá lá no meu blog.
Tô aqui me pipocando de rir...cuidado com a indigestão. Borboleta com café e palha de milho e fubá?? Não tem ácido clorídrico que dê conta dessa mistura...rsrrsrs
E por falar em colocar o pé na estrada e o espírito nas montanhas, vou para Noruega no dia 20 só volto no início de Julho. Vamos?
Beijo no coração, querida

Eliana Mara Chiossi disse...

Beth,

eu, você e Noruega?
Isso não seria uma provocação???

Tem casa pra ficar?

Vamos fugir?

Maria Elisabeth disse...

Tem casa pra ficar sim.
Morei na Europa 10 anos e tenho grandes amigos por lá. Já estive na Noruega e acho que você amaria passear nos fiords. Não precisa fugir! Basta ir. Vamos sim. É um convite sério! Na Suécia (pertinho da Noruega)podemos navegar naquele barco viking que tá lá no meu blog. Ah! Você não gosta de barco né? Pense com carinho!

Anônimo disse...

Beth (poso chamá-la assim?),
claro que quero. Me dê o endereço.

Li,
Sai desse garoa, vem pra cá. É só atravessar a Mantiqueira...

Maria Elisabeth disse...

rm,
o endereço é http://barcavelanomar.blogspot.com/
Tem um cafezinho lá te esperando.
Beth.