sexta-feira, 30 de maio de 2008

Moldura

Ouvi os gritos estridentes: Não deixem levar a cristaleira! Não deixem levar a cristaleira!. E depois, os ruídos adaptados, o ajuste forçado da rotina. Trouxeram leite e biscoitos de chocolate. Nesta tarde, pude assistir televisão. E nenhum programa me distraía. Tudo estava ao contrário. Dia virado ao avesso. A vida emperrada, dobradiças interrompidas pela ferrugem. Os primeiros sinais da noite e o desejo de sair, sem destino. A casa assombrava. As luzes da rua acesas. Pessoas voltando para casa. Cheiro do pão quente. Meninos voltando da escola. E dentro de mim, tudo era frio e eternidade.

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