sexta-feira, 4 de abril de 2008

Biblioteca

Para o amigo que me faz mais escritora


Os costumes da tribo. A ti eram ofertadas tantas mulheres quanto desejasses. A elas, darias o sustento do pão e da alma. Eu deveria prostrar-me diante de tua presença, beijar teus anéis e resignar-me com nossos encontros de quinta-feira. Minhas irmãs, eu também as amava. Deram a ti os filhos que ensinei a ler. Meus poderes de criação dedicados à memória do nosso povo. Guardadas comigo as histórias e os tempos. Ao deixar o leito que abrigava nossas noites, sempre olhavas para trás, desejando ficar. Eu permanecia em tuas lembranças quando a ti chegavam, trazidos pelos ventos, a canela, a alfazema e o jasmin. Os aromas do meu quarto formando uma rede, por toda a semana. Depois do amor, para teu descanso, eu desfiava as inúmeras histórias inventadas. Escrevia de coração, o teu livro de memórias. Aprendi assim a construir mundos, imaginados e montados conforme seus planos de fuga. Minhas palavras te davam asas. E assim, todas as noites, estavas comigo, ainda que teu corpo possuísse o corpo de minhas irmãs.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que sorte de ambos: desse seu amigo e do amante da personagem...