segunda-feira, 24 de março de 2008
Graça
Para você, que me é caríssima.
Horas sem fim diante do lago e de minha alma ali refletida. Fios verdes, vegetais e movediços, faziam daquelas águas as planícies de meus pensamentos. Usina ininterrupta de desejos. Nosso futuro era feito de estradas e velocidades. Nada cabia mais na silueta que eles devoravam. Vi meu rosto em movimento, dispersa em fluxos e instantâneos. Segurou-me os cabelos, a tempo de trazer-me de volta do poço e suas algas. Já era minha a morte dos afogados. Para o escuro me levavam sereias viciadas. Deu-me seus olhos como porto, suas mãos ancorando o desvario, embarcação feroz precipitada. E trouxe-me de volta, a vida. Ela, que beijou as mil faces do meu nome. Nosso encontro, este tecido de finezas e vertigens.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Leio este post revezando meu olhar, mi-rando de longe a distância e no momento tenho a dizer: não quero medir a entrega.
Beijos.
Postar um comentário