terça-feira, 25 de março de 2008

Dedicatória

O que escrevo não é o mural da escola. O que escrevo não lista suas necessidades. O que escrevo não prescreve remédios para sua covardia. O que escrevo não é uma prisão perpétua. O que escrevo não registra nascimento de pessoas fracas. O que escrevo não declara morte de anjos, estrelas, crianças ou sonhos. O que escrevo não declara-se apto para os serviços. O que escrevo não imita atas e protocolos. O que escrevo não está nos livros que ainda não li. O que escrevo não choro mais. O que escrevo não é carta em pedaços, na cama deste homem solitário. O que escrevo não é chantagem nem o perdão. O que escrevo me desconcerta. O que escrevo me fere. O que eu escrevo fica quieto. O que eu escrevo passa por mim e se instala.

7 comentários:

Anônimo disse...

Lindo Lindo.
Adorei!
"O que eu escrevo passa por mim e se instala"
Muitas vezes nem sei onde.

beiijos, querida

Vee disse...

O que eu escrevo corre pra dentro, o que eu escrevo me espera lá fora, o que eu escrevo fica escondido nos fios dos meus cabelos, o que eu escrevo, às vezes, não dá pé, o que eu escrevo não cabe em mim, o que eu escrevo me arde nos fins de tarde, o que eu escrevo quer acontecer, o que eu escrevo não é tão simples pra mim, o que eu escrevo nem sempre tem eco, o que eu escrevo, às vezes, só se esconde, só sorri, só chora, o que eu escrevo eu nem sempre quero perceber, o que eu escrevo tem hora que não tá com nada!


Meu beijo!

Roney Maurício disse...

O que leio também não é o mural da escola. Mas o que leio lista sim, muitas das minhas necessidades. O que leio ameniza minha covardia. O que leio também não é uma prisão perpétua, nem domiciliar. O que leio também não registra nascimento de pessoas fracas, a não ser o meu próprio. O que leio não declara morte de anjos, estrelas, crianças ou sonhos; nem seu nascimento. O que leio não declara-se apto para os serviços - e eu lamento por isto. O que escrevo imita atas e protocolos sim e mal. O que escrevo não está nos livros que ainda não li nem nos que li, não obstante. O que escrevo não choro mais, o que leio chora em mim. O que escrevo não é carta em pedaços, na cama desta mulher solitária. O que escrevo não é chantagem nem o perdão, nem elogio fácil ou difícil. O que escrevo me desconcerta, às vezes, mas não dou a mínima. O que leio me fere, mas faz bem. O que eu escrevo fica quieto também. O que eu leio não passa por mim e se instala, de vez.

Eliana Mara Chiossi disse...

Celine, volte, volte, se tem lindezas por aqui, tem muito dos seus olhos e sensibilidade.
Beijos, querida também.

Eliana Mara Chiossi disse...

RM e Amélie:


ter provocado em vocês esta escrita tão quente, tão próxima de mim e tão espontânea, oferta de impulsos e portas abertas para a escrita, ah, isso pode durar muito tempo. E eu arrisco dizer que assim, já sinto até uma pontinha de felicidade.

Beijos que escrevo, pra vocês que me traduzem...

leve solto disse...

Nossa!!! E eu distante daqui há algum tempo, sem ler vc?!
Como pude?

Sorry, estarei por aqui com assiduidade agora!!!

bjs

Mara

Eliana Mara Chiossi disse...

Ah, linda,
venha sempre, com asas,
venha leve,
venha solta.


Beijos