segunda-feira, 24 de março de 2008

Combustível

Você sabe que o sopro de vida tem limites. Que cada um traz a sua cota. Sou perdulária e vítima de arritmias. Meu saldo é curto. Devo viver a mil, ou nada. Quem me liga à vida são esses aparelhos, as palavras. Medicina dos meus dias, dança da cura e doença. Não creio mais nesta igreja e os amanhãs são como prêmios de loteria. De olhos abertos, produzo sonhos de como gastar a vida. Quando as três companheiras ávidas me chamam para um passeio, digo que me esqueçam e peço mais papel e tintas. Nas manhãs que estremeço, ouço o coro das amigas. Música insistente e promessas de delícias. Lá, onde tudo seria branco. O território de silêncios. Tua mão diária, porto da amizade, cumprimenta meus escritos. Faz a engrenagem voltar a seus movimentos. Sou quase feliz, desengonçada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Menina-poeta baianinha,

você escreve tanto, tanto (e tão bem), que suponho ser necessário reservar o recém-descoberto campo petrolífero de Tupi, para que não falte combustível; supondo um desejável crescimento da demanda...

(o nome do novo campo também é sugestivo, não?)