terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Eu sou o amor agora

O amor em mim é uma multidão acotovelada. Uns puxando os outros. Para ver melhor o morto, velar por ele em horas intermináveis. Descarto contos maravilhosos, anedotas. Faço estudos geológicos. Amor me toca como se movem placas tectônicas em seu trabalho de rupturas sem sons. É inútil saber se amo um homem, o bebê cego que chora, a flor sem pétalas, um tecido, o poema desgastado, a louça antiga, as frases feitas ou alho em conservas. Em estado de amor, pareço mais qualquer água e suas fervuras. A aprendizagem do amor é todo trânsito. Indicações de meu assento e sou platéia. Eu sou o amor agora, como sempre. O amor chegou diante de mim, tirou os véus e as cores, não fez dança nenhuma. Ficou nu e sem movimentos diante da minha face de Jesus.

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