sábado, 19 de janeiro de 2008

Minério

Era uma fonte, escondida entre os meus papéis. A gaveta meio bagunçada. Uma coleção indistinta de tampinhas, bandaid, caixinha de chiclete, passagem do metrô, bilhete que ele me entregou antes de entrar no ônibus. O tempo derramou terra sobre a fonte: desilusões, amargura, pontadas de ódio e os acontecimentos que ferem os amores. Um castelo, e como se não bastasse, para mais em cima atingir o intocável, fez-se, lá no alto, a torre. Dando sinais da distância entre o coração e as palavras. Depois de eras, e sem amparo da distração dos arqueólogos, o pêndulo deu um grito. Flecha certeira na dor e na chuva. Águas antigas me visitam. Todas as canções me tiram o sono.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto me agrada e me toca de maneira adjetiva, mais ou menos com gosto de terra molhada