quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Copos juntos em New York

A essa altura, o mar alto e a noite solta, dirijo um automóvel antigo pelas ruas da noite inquieta. Deixo você, a beira da calçada suja e esburacada. Aceito teu cumprimento de adeus, tua forma calma de dizer que até amanhã, ou depois. A velocidade permitida é 200, e reduzo 20, quando me lembro das filiações. Diminuo a marcha quando lembro que ainda há o beijo: as promessas diárias da tua boca, quando me olhas, em sorrisos e provocações. Eu, sua mãe, sua madrinha, velha a perder de vista os aniversários e os medos. Medo de ser feia, medo de ser gorda, medo de lembrar-te a tias e primas, descasadas, desamadas e pedintes. Saio desta cena, incorporando a cigana, feita da tua linhagem e semelhanças.

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