segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cereal

O galo rouco
quase bêbado
canta completamente
fora de hora.


O galo louco,
fora de hora,
canta,
completamente rouco.

Fora do fuso
o galo canta
antes do almoço
na hora exata
em que eu acordo
talvez ainda bêbada e rouca,
feliz por não ter memória.




O galo e eu,
irmanados
na lentidão e no atraso,
perdemos a elegância

de cumprimentar a aurora.

4 comentários:

Emmanuel Mirdad disse...

A aurora não quer cumprimentos; quer bocejos.

Noslen ed azuos disse...

...eu acho q é culpa da camada de ozônio rsrs.

belo final, seus poemas e ou, sempre trazem a beleza do inesperado.

bjs
ns

Muadiê Maria disse...

a-do-rei!

Lidi disse...

Li, adorei. E o jogo de palavras no poema, me fez lembrar Construção de Chico Buarque. Beijo.