sábado, 3 de julho de 2010

Embalagem

Envolto por um papel de celofane o conjunto de cadernos escritos em tempos remotos. Coleção inequívoca de momentos felizes. Embalados agora para presentear o futuro. A alegria, sempre breve. E neste trabalho de revisão cuidadosa, recordar os momentos de alegria, para entender sua substância de quase vazio. A alegria em seu ápice de onda, a se confundir com as águas. Uma onda, em sua trajetória aérea e imprevista. Todas as alegrias, como as ondas, agora despejadas no mar feito de areia. Cada grão, neste diário, traço fincado de leve na árvore desigual dos pensamentos. O papel de celofane brilha. Índicio de beleza, para o consumidor necessitado. Uma cesta feita de memórias, escritas em variação de tintas. Um dia em que até a chuva no conjunto de frio e céu cinza foi brindada como presente, para um casal vivendo o amor sob o cobertor. Primeira lição da alegria: o conforto.

Um comentário:

Ana Mello escritora disse...

Muito bom, adorei.
Sou viciada em minicontos.
Abraço meu.
Ana Mello.