domingo, 20 de junho de 2010

Direção

Para Pierre C. Cortes



Ao olhar para o céu, que é infinito, vejo apenas uma parte dele. Porque meus olhos são desenhados para ver parcialmente. Então, fecho os olhos e deste ponto passo a ver não apenas o céu próximo, mas os outros, os céus inexistentes, os céus que abrigam as ilhas onde existem sereias de cabelos feitos de algas. E as algas são amarelas. E vejo também um céu rosado, céu de fogos de artifício, movente e caleidoscópico. Aparelhada de olhos novos, olhos que produzo mentalmente, já não posso garantir que exista apenas céu acima de minha cabeça, mas também mares suspensos e árvores voadoras. E voando, também, aparece mais uma vez a sereia de cabelos longos, cabelos que são os mesmo cabelos do mar de Ofélia. E Ofélia, agora, vive e canta, sem dor alguma no coração. Não existe Dinamarca nem África, os mapas estão modificados. E são mapas desmontáveis. Mantenho os olhos fechados, porque desejo outras realidades. E decido criá-las, diretora de artes e ofícios, para meu próprio uso.


Publicado originalmente aqui!

3 comentários:

Noslen ed azuos disse...

Céu amarelo e sereis azul boca vermelha lambuzada de sagu. Rsrs bjs. Ns

Anônimo disse...

as arvores voando suspensas, nas tuas palavras....
as palavras suspensas no teu olhar..
Teu olhar suspenso nos olhos da sereia....
acendendo volcão no olhar do mar que envolve a ilha...
Ao lado tem outra ilha chamada Désirade (désirée, desejada)
onde depois de muito procurar no horizonte vazio
nosso olhar se pousou uma noite, para nao mais te esquecer...

Anônimo disse...

Amo.