quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Os clássicos do Carteiro 1

Para aquele moço que lê meu diário de viagens
Eu sou uma fruta. No ponto exato da colheita. Ao teu lado, mais, eu sou a árvore. Na dádiva permanente e sucessiva de seus frutos. Meu corpo é o caule, raízes, folhas, casca e a sombra que me completa como um conjunto coeso e útil. Tu és o homem, um Deus que cria, colore, cose, monta, ajusta. E narra. Quando me tocas, e sou fruta e árvore, retira de mim o objeto maduro, em seu ápice. Tuas mãos me tocam, sucessivas e ágeis. Destreza do passeio tátil. Solto meu gemido e torno-me gozo, grito e perda. Deixo meu estado de fruta presa à àrvore, pátria primeira, e sigo meu destino em direção à tua boca. Então, sou a ti incorporada. Eu, enquanto árvore, me preparo em vários estágios de fruta, para fazer parte do teu círculo, tua vida, meus sentidos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo, que belo!!!
àrvore, flor e fruto!

Anônimo disse...

Mas que sacaninha, lendo o seu diário?!!

Sobre o post é até difícil comentar: vai escrever bonito assim lá na Madeira...

Anônimo disse...

Como tudo o que decides fazer. É lindo, muitas vezes lindo...Tem cheiro, cor e sabor de fruta, de árvore, de flor, de terra.

Anônimo disse...

Posso sentir sua presença, bem pertinho, mesmo quando está longe...Saudades

Eliana Mara Chiossi disse...

Celine, Rm, Anônimo e Liss:

que bom sentir bem pertinho a presença de vocês.


beijinhos