sábado, 23 de fevereiro de 2008

Pés

Uma parte de mim sou eu. Se o sequestrador enviar o dedo em que guardo o anel que me destes, esta sou eu, em pedaços. E ao ser solicitado para a identificação do corpo, verás aquela tatuagem como um sinal de que descanso em paz, numa superfície fria e não muito higiênica. Sou eu, também, esta saudade. E a figurante do filme em cartaz sou eu. Estou exposta na vitrine. Caminho junto com os soldados. Adormeço no hospital, ao lado das crianças doentes. Espero a vigésima faca e os aplausos, no circo. Desfilo a roupa da moda e grito de medo quando vejo a intenção daquele ônibus desgovernado. Sou eu, esta que escreve e se esconde.

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