quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Só Madre Tereza se salva

Não acredito no amor como algo transitivo. O sexo é transitivo. Amor é sempre desencontro. Isso não é novidade. Duzentos e tantos escritores e poetas disseram algo parecido. Mas é a primeira vez que eu digo. Então, não há problema algum em dizer o óbvio. Amor é a celebração do desencontro. Amor é um sarampão do desassossego. Uma virose alucinada. Qualquer amor. A caridade é amor por si mesmo ou feíura. Pessoas feias ficam mais bonitas quando são solidárias. As irmãs que decidem viver na clausura, muitas vezes fazem um bem à humanidade, por dois motivos básicos. Porque são, em geral, criaturas feias, desagradáveis à vista. E também porque são pessoas desagradáveis no trato. Têm ao menos, noção de ajuste. Fazem excelentes escolhas. Algumas pessoas poderiam declarar-se culpadas, antes de cometerem um crime. Seria um personagem sublime, como alguns personagens de Nelson, e diria, em dado momento: me prendam, porque hoje tenho ganas de matar alguém. Ou outro: mantenham-me afastados de crianças, porque posso magoá-las. Outros ainda, poderiam andar com uma placa de advertência: não me amem, porque sou um canalha. Canalhas, freiras, pedófilos, hipócritas, filantropos: eis aí um grupinho que poderia ser fuzilado, por prevenção.

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