terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Dedicatórias sem ruídos

Dou início hoje a um projeto no Mundo. Tenho pensado que os afetos que temos, quando são constituídos por desejos de reciprocidade, são menos puros. Não estou defendendo que sejam melhores. Talvez seja humanamente impossível sustentar um afeto sem ter algo de volta, ainda que esse algo seja parte de um processo masoquista. E desse modo, ter afeto e receber não afeto, seria uma negociação justa. Mas nestes dias, estou maquinando, insistindo em escarafunchar a mim mesma. Daí, o exercício de escrever para pessoas das quais espero afeto. Dar a elas, por escrito, encenada enquanto narradora, eu-lírica, meu afeto in natura, livre de dois condicionamentos limitadores: medo de não sentirem afeto por mim ou medo de que meu modo de sentir afeto por elas as afaste. Ou outro medo: de que o afeto seja apenas afeto por mim mesma, meu desejo egocêntrico de ser afetuosa.
O conceito não está claro. Então, vamos ao projeto.