segunda-feira, 18 de junho de 2007

Varal, fraldas e chuvas

Antes, quando os tempos eram outros, as fraldas eram de panos. Cada família exibia uma estampa que era a sua bandeira. Fraldas branquinhas, cheias de alvura, anunciavam novamente a vela acesa. Água quente nas panelas, choro diário, páginas para escrever tudo.
Você passa pela rua, tem pressa, vê o varal e as fraldas. Segue o itinérario e nem olha para trás. Outro dia, outras urgências, você passa e as fraldas são as mesmas, pintadas de poeira rápida e marrom. Mês que vem, você caminha devagar, as fraldas, no mesmo número de antes, aquelas de sempre, apanhadas por uma chuva que põe lama em cada fibra. Este mundo já teve seu apocalipse. Caim e Abel contrariados, Deus passeia ao longe e a mulher gira em torno de si mesma e de seu leite.